
Os
sintomas como dor de cabeça, febre alta, dor nas articulações, dor de estômago
e vômitos surgem rapidamente.
Com
o agravamento, os pacientes podem desenvolver grandes sangramentos e hematomas.
Do que estamos falando? Da Febre Hemorrágica Viral Criméia-Congo, uma doença
que mata 30% (até o momento) das pessoas infectadas.
Este
mês, um proprietário de garagens de 39 anos, morador da cidade de Glasgow, foi
ao casamento de seu irmão no Afeganistão, tornando-se a primeira vítima do
Reino Unido com a confirmação da doença que é transmitida por carrapatos. Ele
morreu em uma unidade de altíssima segurança no Hospital Real de Londres.
Trata-se
de uma doença generalizada em animais domésticos e selvagens na África e da
Ásia – que infelizmente saltou dos animais e começa a infectar humanos, com
efeito letal.
A
vítima de 39 anos, que não teve o nome divulgado, não foi a única a morrer com
o vírus. No mês passado, um homem de 49 anos entrou no hospital St. Thomas de
Londres com
febre alta e tosses severas e grande dificuldade para respirar.
Cogitou-se
que ele estava com as características do vírus da SARS, que matou 1.000 pessoas
em 2003 – mas exames de sangue descartaram rapidamente a hipótese, mostrando
que não era SARS e nenhum outro vírus conhecido pela ciência médica.
O
paciente rapidamente sucumbiu à insuficiência renal, acompanhado de intensa
sudorese. Os médicos foram informados que o paciente sofreu um pequeno corte em
uma viagem que tinha feito ao Catar.
Depois
de intensas pesquisas, cientistas descobriram que o vírus que matou o paciente
de 49 anos era da mesma família da SARS, mas com composição completamente nova.
Ele se desenvolveu em animais, especialmente em morcegos asiáticos.
Através
de cruzamento de informações sobre dados médicos, descobriu-se que o vírus
matou outra pessoa na Arábia Saudita em julho deste ano, um paciente com 60
anos.
Poderia esse
vírus ser uma nova gripe aviária ou a chamada “gripe espanhola”, provocando uma
pandemia global?
Em
todos os casos de pandemias mundiais, o vírus responsável veio de um animal.
Acredita-se que a gripe espanhola tenha tido origem em uma ave aquática
selvagem.
John
Oxford, virologista britânico do Hospital Queen Mary e professor da
Universidade de Londres, é uma autoridade mundial em epidemias. Ele adverte que
devemos esperar que uma epidemia de origem animal surpreenda o mundo nos
próximos cinco anos, com efeitos potencialmente catastróficos sobre a raça
humana.
Acredita-se
que essa será uma nova cepa de supergripe, um vírus altamente infeccioso
originário de alguma localizada da Ásia ou da África. Graças ao atual mundo
hiperconectado, o vírus será disseminado rapidamente através de pessoas que
viajam o globo pelo sistema aéreo, rodoviário e marítimo.
Se
o vírus seguir o padrão que ocorreu em 1918-1919, uma grande quantidade de
pessoas jovens irá morrer. Isso ocorre pela chamada “tempestade de citocinas”,
uma reação exagerada do sistema imunológico por solicitação do vírus.
Esta
resposta descontrolada faz com que febres altíssimas sejam alcançadas,
dilacerando o corpo em náuseas e enorme fadiga. O sistema imunológico
hiperativo mata a pessoa em vez de matar o vírus.
O
professor John Oxford baseia sua previsão em padrões históricos. O século
passado foi, sem dúvida, bastante preocupante. Ocorreu a Síndrome Respiratória
Aguda que matou 1.000 pessoas e foi transmitida aos humanos através do
gato-de-algália, encontrado na China.
O
vírus da SARS que atingiu o mundo, por exemplo, se espalhou quando um professor
chinês de medicina tratou pacientes infectados e viajou em seguida para Hong
Kong. Ele contaminou várias pessoas no avião e, em poucos meses, mais de 8.400
casos foram registrados em 32 países.
É
uma história parecida com a gripe suína H1N1 que ocorreu em 2009 onde centenas
de milhões de pessoas foram infectadas no mundo. Acredita-se que tenha tido
origem em porcos do México antes de infectar humanos que saíram do país e
viajaram para várias localidades.
Quando
o vírus sai de seu local de origem, ele pode infectar qualquer um do planeta. A
genética humana é muito parecida; uma epidemia pode matar pessoas de diferentes
nacionalidades facilmente.
Neste
mês, uma equipe internacional de cientistas anunciou ter identificado um vírus
completamente novo que matou dois adolescentes na República Democrática do
Congo, em 2009. O vírus da Febre Hemorrágica Induzida Aguda provoca hemorragia
generalizada, inclusive nos olhos, e pode matar em dias.
O
vírus é chamado de Bas-Congo (BASV), depois da identificação na província onde
morreram 3 pessoas. Uma reportagem da revista PLoS ONE informou que o vírus provavelmente teve origem na fauna local e
foi transmitido ao ser humano através de picada de insetos.
Na
verdade, estamos cercados de ameaças. Você pode pegar hanseníase (chamado
anteriormente de lepra) de tatus que carregam os vírus em suas carapaças.
Estima-se que nos EUA o contato com tatus é responsável por 1/3 dos casos da
doença. Além disso, cavalos podem transmitir o vírus Hendra, causador de
doenças respiratórias e neurológicas.
David
Quammen, escritor de livros sobre infecções de origem animal, ressalta que o
Ebola chegou pela primeira vez ao Zaire em 1976. O poder desse vírus é
aterrorizante, com taxas de mortalidade superiores a 90%. O último surto de
Ebola foi registrado no Congo mês passado, onde 36 pessoas morreram de 81 casos
suspeitos.
Quammen
diz que o Ebola surgiu de morcegos que, por sua vez, infectou macacos. Esse
contágio se deu, provavelmente, pelo contato dos primatas com as fezes. O vírus
então chegou aos humanos pelo hábito que alguns países da África possuem em
comer carne de macaco.
Ele
ainda acredita que o HIV originou-se de um único macaco em Camarões. Estudos
recentes mostram que os genes do HIV surgiram em 1908, mas ele só começou a
infectar humanos nos anos 60, em várias cidades africanas. Começou a se
espalhar nos anos 80 pelas companhias aéreas para os Estados Unidos. Desde
então, o HIV matou 30 milhões de pessoas e infectou 33 milhões.
Existe
algo “bom” sobre o Ebola e HIV: eles não podem ser transmitidos por tosse ou
espirros! “O Ebola é
transmissível de humanos para humanos através do contato com fluidos corporais”, disse Quammen em
entrevista ao britânico DailyMail.
O
professor John Oxford é taxativo: “Eu acho inevitável. Teremos um grande surto global de gripe. Devemos
planejar algo emergencial entre 2017 e 2018”.
Estamos
preparados para lidar com uma pandemia tão grave?
O
professor adverte que a vigilância é a única resposta real que temos. “Novas cepas de gripe são um problema no
dia-a-dia e temos que ter muito cuidado”, advertiu.
“Agora temos processos científicos que nos
permitem identificar rapidamente o genoma do vírus por trás de uma doença, de
modo que sabemos com o que estamos lidando. O melhor que podemos fazer é
desenvolver e armazenar vacinas e medicamentos antivirais para combater as
cepas em caráter de emergência”.
Mas
o professor comenta que está preocupado com a falta de seriedade e crença dos
políticos do mundo sobre a incerteza sobre a vastidão de mortes em massa que
irá ocorrer.
A
falta de comprometimento político poderia custar milhões de vidas. A corrida
contra o vírus recém-descoberto de origem animal está lenta. Os vírus precisam
de uma minúscula brecha para criar uma pandemia em todo o planeta, o que pode
ser o fim da humanidade se nada for feito.
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