Um
tratamento disponível em serviços de atendimento especializado e em emergências
de hospitais públicos de todo o país pode evitar a infecção pelo HIV em pessoas
que passaram por algum tipo de situação de risco – como sexo desprotegido ou
rompimento do preservativo.
A
chamada profilaxia pós-exposição, também conhecida como coquetel do dia
seguinte, tem como base uma combinação de três medicamentos antirretrovirais e
deve ser iniciada até 72 horas após o evento considerado de risco.

O
infectologista do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, Ronaldo Hallal, lembra que, até 2010, o tratamento era indicado apenas
para casos de acidente entre profissionais
de saúde (quando há exposição ao
vírus), para vítimas de violência sexual e para casais sorodiscordantes (quando
apenas um dos parceiros é soropositivo).
Atualmente,
o serviço está disponível para toda a população. Segundo Hallal, é preciso
passar por uma avaliação de risco, feita por um profissional de saúde, antes de
iniciar o uso do coquetel, que deve ser mantido por um período de quatro
semanas. Os efeitos colaterais, apesar de fracos, incluem náusea, vômitos,
sensação de fraqueza e cansaço.
“O
papel da profilaxia é tentar evitar que a pessoa se infecte com o HIV. Além
disso, ela traz alguns outros ganhos, já que acaba atraindo as pessoas aos
serviços de saúde, o que permite trabalhar também o diagnóstico, o
aconselhamento e as estratégias de prevenção, de redução de risco e de
vulnerabilidade”, explica.
O
coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no
Brasil, Pedro Chequer, avalia que o coquetel do dia seguinte é uma estratégia
pouco difundida no país. “Falta informação. As pessoas não conhecem”, diz. “E,
nesses casos, quanto mais rápido começar o tratamento, melhor. O ideal é que
seja em menos de 48 horas”, completa.
Chequer
alerta, entretanto, que a estratégia não pode se transformar em rotina e que as
pessoas não podem abrir mão do preservativo. Trata-se, segundo ele, de uma
medida de exceção, uma vez que não há 100% de eficácia no bloqueio ao vírus.
“Não é uma vacina”, ressalta.
Dados
do Unaids apontam aumento de novas infecções por HIV no Brasil entre mulheres
jovens e gays jovens, sobretudo com idade entre 15 e 24 anos. Essa faixa
etária, de acordo com o coordenador, precisa de uma abordagem de prevenção
“continuada, objetiva e sem preconceito”, para que busquem os serviços de saúde
quando houver necessidade.
“A
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
recomenda que a educação sexual seja iniciada a partir dos 5 anos. No Brasil,
isso acontece a partir dos 12 anos. Essa onda conservadora e forte preocupa, já
que a necessidade é cada vez maior de abordarmos temas como a diversidade
sexual”, destaca.
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